Opinião
O que fica de lição para nós?
Por João Neutzling Jr
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor estadual, Professor e Escritor
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O atual desastre climático, chuvas em excesso e enchentes apocalípticas que assolam o estado, ainda não terminou, mas já podemos extrair algumas lições deste fato.
O excesso de chuvas no Vale do rio Taquari é uma causa determinante, mas a destruição do meio-ambiente pelo próprio homem é outro fator.
Uma das causas críticas é a destruição da mata ciliar que circunda os cursos de água (rios, lagos, riachos, córregos, etc.).
Esta vegetação tem enorme importância para o equilíbrio do ecossistema, evitando o assoreamento dos rios e a erosão fluvial, visto que auxiliam no processo de umidificação do solo, equilíbrio dos fluxos de água e dos nutrientes.
O assoreamento de um curso de água ocorre a partir da intrusão de sedimentos (deslizamento de solo, lixo, entulho, resíduos urbanos, etc) que escoam com as chuvas e vão se acumulando no fundo dos rios. Logo, o rio diminui sua profundidade gradualmente e, com uma chuvarada atípica, acaba transbordando e invadindo áreas adjacentes ao leito do rio. Este fenômeno ocorre devido à falta de vegetação nas margens dos rios, a mata ciliar.
A remoção da vegetação nativa para ampliar o espaço de lavouras altera o ecossistema e fragiliza o meio ambiente. A destruição das florestas nativas e desmatamento de amplas áreas acabam contribuindo também para esta situação de crise climática.
O poder público tem permitido o loteamento e urbanização em áreas de risco e onde fluíam antes cursos de água, como sobejamente ocorreu nas margens dos rios Taquari, Caí, Sinos e Gravataí. Tal fato, somado ao assoreamento dos rios, criaram uma situação de permanente risco ambiental.
A liberação de construções em áreas que alagam rotineiramente e a remoção da vegetação nativa que poderia drenar a água e tornar o solo mais compacto são uma causa efetiva desta crise.
Em 2019, o governador Eduardo Leite conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa uma reforma no código ambiental do estado que alterou quase 500 normas ambientais. Isto tudo seguindo a orientação do então ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente do governo Bolsonaro). Aquele mesmo que queria “passar a boiada” no congresso ao desmontar a regulamentação de preservação ambiental. Em que medida tal reforma não impacto negativamente a questão ambiental?
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